Oração do diaÓ Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis, no vosso imenso amor de Pai, mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Primeira Leitura (Jl 1, 13-15; 2, 1-2)
Leitura da Profecia de Joel
1, 13Ponde as vestes e chorai, sacerdotes, gemei, ministros do altar. Entrai no templo, deitai-vos em sacos, ministros de Deus; a casa de vosso Deus está vazia de oblações e libações.
14Prescrevei o jejum sagrado, convocai a assembleia, congregai os anciãos e toda a gente do povo na casa do Senhor, vosso Deus, e clamai ao Senhor:
15—Ai de nós neste dia!— O dia do Senhor está às portas, está chegando com a força devastadora da tempestade.
2, 1Tocai trombeta em Sião, gritai alerta em meu santo monte; tremam os habitantes da terra, que está chegando o dia do Senhor, ele está às portas.
2É um dia de escuridão fechada, dia de nuvens e remoinhos; como aurora espraiada nos montes, assim é um povo numeroso e forte, tal como jamais se viu algum outro nem jamais se verá, até aos anos de gerações futuras.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 9A)
℟. O Senhor há de julgar o mundo inteiro com justiça.
— Senhor, de coração vos darei graças, as vossas maravilhas cantarei! Em vós exultarei de alegria, cantarei ao vosso nome, Deus Altíssimo!
℟.
— Repreendestes as nações, e os maus perdestes, apagastes o seu nome para sempre. Os maus caíram no buraco que cavaram, nos próprios laços foram presos os seus pés.
℟.
— Mas Deus sentou-se para sempre no seu trono, preparou o tribunal do julgamento; julgará o mundo inteiro com justiça, e as nações há de julgar com equidade.
℟.
℟. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
℣. Agora o príncipe deste mundo há de ser lançado fora; quando eu for elevado da terra, atrairei para mim todo ser. (Jo 12, 31b-32)
℟.
Evangelho (Lc 11, 15-26)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo
✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, Jesus estava expulsando um demônio.
15Mas alguns disseram: —É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios—.
16Outros, para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal do céu.
17Mas, conhecendo seus pensamentos, Jesus disse-lhes: —Todo reino dividido contra si mesmo será destruído; e cairá uma casa por cima da outra.
18Ora, se até Satanás está dividido contra si mesmo, como poderá sobreviver o seu reino? Vós dizeis que é por Belzebu que eu expulso os demônios.
19Se é por meio de Belzebu que eu expulso demônios, vossos filhos os expulsam por meio de quem? Por isso, eles mesmos serão vossos juízes.
20Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus.
21Quando um homem forte e bem armado guarda a própria casa, seus bens estão seguros.
22Mas, quando chega um homem mais forte do que ele, vence-o, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava, e reparte o que roubou.
23Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa.
24Quando o espírito mau sai de um homem, fica vagando em lugares desertos, à procura de repouso; não o encontrando, ele diz: ‘Vou voltar para minha casa de onde saí’.
25Quando ele chega, encontra a casa varrida e arrumada.
26Então ele vai, e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele. E, entrando, instalam-se aí. No fim, esse homem fica em condição pior do que antes—.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Vir erat in terra nómine Iob, simplex et rectus, ac timens Deum: quem Satan pétiit, ut tentáret: et data est ei potéstas a Dómino in facultáte et in carne eius: perdidítque omnem substántiam ipsíus, et fílios: carnem quoque eius gravi úlcere vulnerávit. (Iob. 1 et 2, 7)
Sobre as Oferendas
Acolhei, ó Deus, nós vos pedimos, o sacrifício que instituístes e, pelos mistérios que celebramos em vossa honra, completai a santificação dos que salvastes. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
Depois da Comunhão
Possamos, ó Deus onipotente, saciar-nos do pão celeste e inebriar-nos do vinho sagrado, para que sejamos transformados naquele que agora recebemos. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 13/10/2023
É mais grave o pecado do cristão?
—Quando o espírito mau sai de um homem, ele vai e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele. E, entrando, instalam-se aí. No fim, esse homem fica em condição pior do que antes—.
No Evangelho de hoje, Jesus é acusado de expulsar espíritos maus com o poder de Belzebu, príncipe dos demônios. Ele responde à acusação e depois ensina qual deve ser a atitude do fiel perante a ação de Satanás. O Senhor começa contando uma pequena história. Quando um espírito mau sai de um homem, ele é tirado de seu abrigo e conforto; mais tarde, volta trazendo consigo outros sete espíritos piores do que ele, e a situação daquele homem fica ainda pior. O que Jesus está querendo ensinar? Nós cristãos saímos do poder do diabo, isto é, fomos libertos dele por Cristo. Nem sempre o notamos, mas em todo Batismo há um exorcismo. Antes de o padre batizar a criança, ele passa no peito dela um óleo, chamado de óleo dos catecúmenos, para que a criança seja liberta do poder de Satanás. A Igreja, no ritual batismal, antes de derramar o Espírito Santo, como que —limpa a casa—, expulsando as influências demoníacas da pobre criatura humana antes de torná-la filho de Deus.
Ora, isso implica uma responsabilidade: transformados em templo do Espírito Santo, temos agora de viver como filhos adotivos de Deus; mas quando abandonamos o bom caminho e nos deixamos escravizar novamente pelo pecado e pelas seduções do demônio, nossa situação torna-se muito pior que antes. Por quê? Porque agora somos consagrados a Deus, pertencemos a Ele pelo Batismo, mas nos estamos entregando ao diabo. Pensemos bem. Jesus, ao ser crucificado, de que dores mais sofreu? Dos bofetões dos soldados romanos? Dos flagelos dos soldados? Ou do beijo de Judas?
Ora, por que o beijo de Judas foi mais ofensivo que todas as afrontas e violências cometidas pelos gentios? Por uma razão muito simples: porque Judas recebera muito mais do que eles. Judas recebera a fé, a graça, o apostolado, e no entanto traiu Jesus. A melhor forma de entender o ensinamento de Jesus no Evangelho de hoje é olhar para Judas como um homem liberto por Cristo do poder de Satanás, mas que terminou num estado ainda pior. Nas profundezas do inferno, onde se encontra o diabo, está também Judas, um dos Apóstolos de Cristo! Antes não tivesses nascido, porque sua traição redundou numa desgraça ainda maior!
Nós, cristãos, temos de ter compromisso. Fomos escolhidos por Deus, amados por Ele, libertos da iniquidade. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou, diz São Paulo aos gálatas, e no entanto, apesar de aspergidos com o sangue derramado na cruz, procuramos escravidão em outros lugares, nos vícios, nos pecados… É muito pior a situação de quem, tendo conhecido o amor de Deus, o trai descaradamente. Sim, comete um pecado muito mais grave quem recebeu a graça mas lhe deu as costas do aquele que nunca a recebeu.
Há porém um lado positivo neste ensinamento. Ao defender-se da acusação dos fariseus, Jesus diz: Se é pelo dedo de Deus que expulso os demônios, então chegou para vós o reino de Deus, ou seja, Jesus toca a nossa alma. No dia do Batismo, Jesus tocou em nós; no dia da Crisma também; quando recebemos os sacramentos, principalmente a Eucaristia, é Jesus quem toca em nós, é o dedo de Deus. Chegou para nós o reino de Deus! Ele quer reinar em nossos corações. Não procuremos, pois, outros senhores nem outros reis! Qual deve ser a nossa atitude? De plena confiança em Nosso Senhor, que nos protege e nos quer bem. Não há poder infernal que possa invadir o que é de Cristo.
Se nós, confiantes, nos entregarmos nos braços de Nosso Senhor, seremos protegidos por Ele, e Deus estará reinando em nossos corações. Se recebermos os sacramentos com devoção, com confiança e amor, então Jesus tocará em nós com o dedo de Deus. Esse é o caminho. Agora, grande é a nossa responsabilidade porque a quem muito foi dado, muito será exigido, e virar as costas para os dons de Deus é uma grande ofensa. Que Deus nos conceda esse toque da graça do Espírito Santo para que nunca — jamais — traiamos Nosso Senhor, que tanto nos amou. Que o nosso destino não seja o de Judas, mas o da Virgem Maria e dos santos na glória do céu!
Deus abençoe você!
Santo do dia 13/10/2023
Beata Alexandrina Maria da Costa (Memória Facultativa)Local: Balasar, PortugalData: 13 de Outubro† 1955
Alexandrina Maria da Costa nasceu em Balasar, na província do Porto e Arquidiocese de Braga, a 30 de março de 1904, e foi batizada no dia 2 de abril seguinte, Sábado Santo. Ela foi educada de maneira cristã por sua mãe, junto com sua irmã Deolinda. Permaneceu na família até aos sete anos, quando foi enviada para a Póvoa do Varzim para se reformar na família de um carpinteiro, para poder frequentar o liceu que faltava em Balasar. Aqui fez a primeira comunhão em 1911 e no ano seguinte recebeu do Bispo do Porto o sacramento da Confirmação.
Após dezoito meses regressou a Balasar e foi viver com a mãe e a irmã na localidade —Calvário—, onde permanecera até à sua morte.
Começou a trabalhar no campo, tendo uma constituição robusta: resistiu aos homens e ganhou tanto quanto eles. A sua infância foi muito viva: dotada de um temperamento alegre e comunicativo, foi muito querida pelos seus companheiros. Aos doze anos, porém, ela adoeceu: uma infecção grave (talvez uma febre tifoide intestinal) a deixou perto da morte. Ela superou o perigo, mas o corpo ficara para sempre marcado por este episódio.
Foi aos quatorze anos que aconteceu um fato decisivo em sua vida. Era o Sábado Santo de 1918. Naquele dia, ela, sua irmã Deolinda e uma aprendiz estavam ocupadas costurando quando notaram três homens tentando entrar em seu quarto. Embora as portas estivessem fechadas, os três conseguiram forçar as portas e entraram. Alexandrina, para salvar a sua pureza ameaçada, não hesitou em atirar-se pela janela, de uma altura de quatro metros. As consequências foram terríveis, embora não imediatas. Na verdade, os vários exames médicos aos quais ela foi submetida posteriormente diagnosticaram um fato irreversível com clareza crescente.
Até os dezenove anos ela ainda podia se arrastar para a igreja, onde, toda encolhida, ela pararia de bom grado, para grande espanto das pessoas. Então a paralisia progrediu mais e mais, até que as dores se tornaram horríveis, as articulações perderam o movimento e ela ficou completamente paralisada. Era 14 de abril de 1925, quando Alexandrina foi para a cama para nunca mais se levantar, pelos trinta anos restantes de sua vida.
Até 1928 não deixou de pedir ao Senhor, por intercessão de Nossa Senhora, a graça da cura, prometendo que, se fosse curada, seria missionária. Mas, assim que percebeu que sofrer era sua vocação, ela o aceitou prontamente. Ela disse: —Nossa Senhora deu-me uma graça ainda maior. Primeiro a resignação, depois a conformidade total com a vontade de Deus e, por último, o desejo de sofrer —.
Os primeiros fenômenos místicos datam desta época, quando Alexandrina iniciou uma vida de grande união com Jesus nos Tabernáculos, através de Maria Santíssima. Um dia, quando ela estava sozinha, de repente lhe ocorreu este pensamento: —Jesus, você é um prisioneiro no Tabernáculo e eu estou na minha cama por sua vontade. Vamos fazer companhia—. A partir daí começou a primeira missão: ser como a lâmpada do Tabernáculo. Ela passou suas noites como peregrina de Tabernáculo em Tabernáculo. Em cada Missa ela se ofereceu ao Pai Eterno como vítima pelos pecadores, junto com Jesus e de acordo com suas intenções.
O amor pelo sofrimento crescia cada vez mais nela, à medida que sua vocação de vítima se fazia sentir mais claramente. Ela jurou sempre fazer o que fosse mais perfeito.
De sexta-feira, 3 de outubro de 1938 a 24 de março de 1942, ou seja, 182 vezes, todas as sextas-feiras viveu os sofrimentos da Paixão. Alexandrina, superando o estado de paralisia habitual, levantou-se da cama e com movimentos e gestos acompanhados de dores agonizantes, reproduziu os diferentes momentos da Via Crucis, durante três horas e meia.
—Amar, sofrer, reparar— foi o programa que o Senhor lhe indicou. De 1934 - a convite do padre jesuíta Mariano Pinho, que a dirigiu espiritualmente até 1941 - Alexandrina escreveu o que Jesus lhe dizia de vez em quando.
Em 1936, por ordem de Jesus, pediu ao Santo Padre, por meio do Padre Pinho, a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria. Este apelo foi renovado várias vezes até 1941, pelo que a Santa Sé questionou três vezes o Arcebispo de Braga sobre Alexandrina. Em 31 de outubro de 1942, Pio XII consagrou o mundo ao Imaculado Coração de Maria com uma mensagem transmitida em Fátima em português. Este ato foi renovado em Roma, na Basílica de São Pedro, em 8 de dezembro do mesmo ano.
A partir de 27 de março de 1942, Alexandrina deixou de comer, vivendo apenas da Eucaristia. Em 1943, durante quarenta dias e quarenta noites, o jejum absoluto e a anúria foram rigorosamente controlados por médicos competentes no hospital da Foz do Douro perto do Porto.
Em 1944, o novo diretor espiritual, o salesiano P. Umberto Pasquale, encorajou Alexandrina a continuar ditando seu diário, depois de ter verificado as alturas espirituais que ela havia alcançado; o que ela fez em espírito de obediência até a morte. No mesmo ano de 1944, Alexandrina ingressou na União dos Cooperadores Salesianos. Queria colocar o seu diploma de Cooperadora —num lugar onde o pudesse estar sempre debaixo dos olhos—, para colaborar com a sua dor e com a sua oração pela salvação das almas, especialmente dos jovens. Ela orou e sofreu pela santificação dos Cooperadores de todo o mundo.
Apesar de seus sofrimentos, ela continuou a se interessar e a se esforçar pelos pobres, pelo bem espiritual dos paroquianos e por muitas outras pessoas que se voltaram para ela. Promoveu triduums, quarenta horas e quaresma em sua paróquia.
Principalmente nos últimos anos de sua vida, muitas pessoas se dirigiram a ela, mesmo de longe, atraídas pela fama de santidade; e vários atribuíram sua conversão aos seus conselhos.
Em 1950, Alexandrina comemora 25 anos de sua imobilidade. Em 7 de janeiro de 1955, lhe foi anunciado que este seria o ano de sua morte. Em 12 de outubro, ela queria receber a unção dos enfermos. No dia 13 de Outubro, aniversário da última aparição de Nossa Senhora em Fátima, foi ouvida a exclamar: —Estou feliz porque vou para o céu—. Às 19h30 ela faleceu.
Em 1978 os seus restos mortais foram transferidos do cemitério de Balasar para a igreja matriz, onde hoje, numa capela lateral, repousa o corpo de Alexandrina.
No seu túmulo se leem as palavras que ela desejava: —Pecadores, se as cinzas do meu corpo podem servir para te salvar, aproximem-se, passem por cima delas, pisem até que desapareçam. Mas não peques mais; não ofenda mais o nosso Jesus!— É a síntese de sua vida dedicada exclusivamente à salvação de almas.
No Porto na tarde de 15 de outubro as floristas ficaram sem rosas brancas: todas vendidas. Uma homenagem floral à Alexandrina, que tinha sido a rosa branca de Jesus. Foi beatificada pelo Papa São João Paulo II no dia 25 de abril de 2004.
Fonte: causesanti.va (adaptado)
Beata Alexandrina Maria da Costa, rogai por nós!